Gênesis | Escolha consciente

Isaque já era um homem, sua mãe havia morrido e o ciclo natural precisava continuar. Fazendo um breve resumo, depois da morte de Sara, Abraão mandou seu servo buscar uma mulher da própria família para casar-se com o filho. Todos os sinais que foram pedidos a Deus aconteceram, confirmando que Rebeca era a escolhida. A moça envolveu sua família naquela decisão de mudança e ela mesma escolheu seguir em busca do seu futuro (Gênesis 24).

Rebeca era uma mulher acolhedora, pois quando recebeu o mensageiro de Abraão, deixou que ele bebesse do seu cântaro e ainda ofereceu de sua própria água para os animais dele. Ela era uma boa ouvinte, pois prestou atenção em toda a história daquele mensageiro sobre a razão dele estar ali (Gênesis 24.16-21).

Ela correu para compartilhar aquela história com sua família, o que pareceu demonstrar que havia uma relação de confiança entre eles. Ela parecia decidida, mas não deixou de mostrar respeito pela hierarquia do pai, buscando sua benção e aprovação. Essa foi uma atitude simples, delicada e poderosa da mulher que estava prestes a se tornar parte do povo de Deus (Gênesis 24.28).

Embora ela tenha mostrado traços de delicadeza, ela se apresentou bem firme em sair de casa para iniciar sua vida como mulher. Ela foi consultada pelos homens da família, o que demonstrou que sua opinião era importante na mudança proposta. De imediato, ela respondeu com apenas uma palavra: irei (Gênesis 24.58).

Ela foi direta e objetiva na conquista da vida nova que estava diante dela. Toda a incerteza da mudança parecia estar sendo irrelevante na resposta instantânea de Rebeca. Aquela mulher corajosa foi bem recebida por seu marido e inclusive foi motivo de conforto durante o luto de sua falecida sogra (Gênesis 24.67).

Estas são algumas características de Rebeca extraídas do seu comportamento e da sua comunicação familiar, que foram informações preciosas na identificação da mulher que seria a esposa de Isaque. Essa história foi narrada na bíblia com a delicadeza da intervenção de Deus e mostrando alguns costumes da época, mas não vamos refletir sobre tradições locais e temporais. Então, trazendo para uma realidade atual, vamos apenas pensar que cada um é responsável pela escolha do seu par.

Quando escolhemos a pessoa que nos acompanhará nessa jornada, precisamos estar conscientes dos exemplos que tivemos, pois eles definem nossos padrões familiares.

O conhecimento que temos sobre nossa família, sobre nós mesmos, sobre a outra pessoa, sobre o significado de ser um casal e os motivos da união são fatores que vão contribuir para o sucesso da relação, em termos de cumplicidade, tolerância e respeito.

As diferenças existem e sempre vão existir entre duas pessoas que se tornam pares. E geralmente elas fracassam no aspecto da tolerância por causa da dependência emocional dos pais, ou questões não resolvidas, estejam eles vivos ou não. Se uma pessoa escolhe alguém para substituir emocionalmente os pais, a relação pode causar uma pressão grande para ambos, pois os problemas que existiam no lar anterior acabam sendo transferidos para o novo casal e futuramente para os filhos.

Outra ideia que não funciona muito bem é a de buscar alguém que nos complete. Esse pensamento é muito romântico, mas também não costuma dar sustento a um casamento entre duas pessoas diferentes e que carregam seus próprios modelos. A pessoa que se casa com a visão de que é incompleta, estipula no outro um papel inalcançável, criando expectativas irreais e que vão gerar problemas, pois a busca por fusão não garante o alcance da intimidade.

Intimidade é o que todo casal precisa para manter uma união saudável que partiu de uma escolha consciente, o que se consegue através de abertura emocional e comunicação eficaz.

Gn.24.58 - Para discussao

Seria possível escrever mais a respeito de casais, sobre o que pode funcionar e o que tem uma tendência natural para não funcionar, mas vamos tentar refletir a respeito dos aspectos citados, que são as questões não resolvidas com os pais, os padrões familiares que se repetem de uma geração para a próxima e a busca por fusão no lugar de intimidade.

Que características dos nossos pais conseguimos perceber nas parcerias que fazemos (no casamento, por exemplo)? Que histórias e comportamentos dos nossos pais percebemos que se repetem conosco ou com nossos filhos? Conhecemos bem a pessoa que escolhemos para casar?

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