Não andaram nos caminhos dele
[1 Samuel 8.3]
Samuel foi entregue ao sacerdote, conforme prometido. Ele ficou servindo a Deus desde pequeno e a sua mãe, anualmente, ia levar-lhe uma túnica, quando subia com o marido para fazer os sacrifícios (1 Samuel 2.19).
O menino crescia, não somente em estatura, mas no favor divino e humano. O que nos leva a entender que, diferentemente dos filhos do sacerdote Eli, Samuel era alguém querido por todos, inclusive por Deus (1 Samuel 2.26).
Cresceu e envelheceu servindo fielmente. Foi Juiz durante toda a sua vida, assumindo esse papel de poder diante do povo de Israel, até que a idade lhe tornou o trabalho muito pesado (1 Samuel 7.15).
Como de costume, o ofício foi passado para seus dois filhos, mas estes não eram pessoas de boa índole como o pai. Acabaram desvirtuando o papel que lhes havia sido delegado e sendo rejeitados por todos (1 Samuel 8.3).
Até que o povo, vendo que Samuel não tinha mais condições de continuar julgando, por causa da idade avançada, pediu-lhe que um rei fosse designado para tal serviço, assim como nas outras nações (1 Samuel 8.4)
Porém, Samuel ainda acreditava que a teocracia seria a melhor e única solução para Israel. Ele falou com Deus, que lhe alertou a respeito da teimosia daquele povo e lhe autorizou que fizesse da forma solicitada (1 Samuel 8.7).
Enfim, esse é apenas um resumo mínimo da vida de um homem de Deus que tinha vários papeis. Foi o último juiz de Israel, assumiu o sacerdócio de profeta que ungiu os monarcas Saul e Davi. Além disso, foi pai.
Era um exemplo de dedicação, que não foi seguido pelos filhos. Portanto, é difícil dizer se, com toda essa quantidade de funções, ele tinha tempo de qualidade para a educação familiar, pois não temos esse detalhe.
Nem é meu papel dizer aqui que Samuel negligenciou a atenção com os filhos devido ao volume de atividades inerentes às responsabilidades. Ou até mesmo porque ele cresceu sem a presença do pai, que só lhe via de ano em ano.
Pelo que pude perceber, ele não teve muita escolha quanto a isso, pois o seu antecessor e educador, Eli, não era o melhor exemplo paterno. E não duvido que também tenha negligenciado o próprio Samuel.
O que parece é que a situação era tão caótica que pode ter gerado uma sobrecarga de funções. Já que, mesmo depois da sua idade avançada, ele não conseguia ajuda para tudo que lhe era designado. Pensemos sobre isso.
Muitos
Afazeres
Alguns pais da nossa atualidade estão abarrotados de afazeres fora de casa. Quase não sobra tempo para ter interações educacionais e de lazer com seus filhos, porque acham que sua provisão vem apenas do seu salário.
O trabalho é importante, sem dúvida, e o sustento da família é uma das exigências mais antigas que existem. Mas elas não podem impedir que as prioridades sejam vistas e revistas sempre que preciso.
Os filhos estão crescendo sem entender quem são aqueles que deveriam ser um exemplo para eles. Exemplo de atenção, de conversas acaloradas de riso e de choro também, de mãos que seguram na outra e conduz.
São coisas simples que em algum ponto da nossa história foram substituídas por presentes de entretenimento e distração daquilo que realmente é fundamental para que as pessoas se conheçam intimamente.
Esse conhecer foi deixado para a imaginação. A qual tem criado personagens difíceis de conviver, levando as crianças para fora de casa, em busca de terem alguém com quem interagir e terem um momento que faça sentido.
Sentido esse que tem faltado dentro de seus lares, pois os pais parecem ter medo de descobrir que falharam como exemplo. E este conceito se tornou desconhecido, o que os leva a arrumar distrações pra matar o tempo.
Dessa forma, eles escondem, de si mesmos, que não conseguem lidar com os assuntos internos e familiares, pois se tornaram tão dispersos da realidade que lhes cerca, que preferem evitar, esquecer ou deixar para depois.
Assim têm sido a vida dos pequenos que não entendem o que seguir, ouvir e nem ao menos quem ser. A vida se tornou uma busca por coisas que não preenchem definitivamente as mentes confusas e distraídas.
Estas mesmas vão sendo preenchidas de mais coisas que não completam os espaços que foram criados pelas ausências. Coisas que só impregnam as vidas com confusões de papeis e ainda mais dúvidas.
Por fim, seria importante entender que as pessoas dentro de casa estão precisando de um referencial, mesmo que ele não seja perfeito, pois o único bom e perfeito está no céu. Mas nós mesmos fomos designados por Ele.
Se um pai e uma mãe não conseguem assumir o papel que lhe foi atribuído, fica difícil prever o que será de seus filhos. Mas, uma coisa é certa, eles estarão cheios do mesmo vazio que receberem no meio daquele nada.
Ajuda a minha incredulidade
Marcos 9.24
Não deixemos que nossos filhos sejam jogados no fogo e na água, a mercê de todo tipo de destruição que esse mundo oferece. Estamos aqui para sermos pais que buscam a fonte de todo o sustento, até do que não sabemos dar.
Sejamos o exemplo de humildade ao ir atrás dessa ajuda, que não espera o tempo passar para termos a liberdade de uma vida plena e regada de harmonia. Jesus é nossa única salvação e não deve ser o último recurso.
Se não acreditarmos que somos pais colocados nesse mundo para cuidar daquilo que é de Deus, dificilmente vamos parar de correr de um lado e para o outro, enquanto nossos filhos também são jogados da mesma forma.
Precisamos ser sóbrios e ricos de esperança no que oferece a verdadeira sorte de crença, da qual o nosso coração deveria estar cheio. Esse seria o melhor exemplo que um pai poderia dar a seus filhos nesse mundo descrente.
Fé. Essa que é capaz de agradar a Deus. Completa e repleta de ensinamentos ocultos para os que não a possuem. E cheia da vida que precisa ser ensinada em casa, pois lá fora deveriam estar apenas os complementos.
Só que, infelizmente, está acontecendo o contrário. As pessoas estão amadurecendo de fora pra dentro e trazendo para casa os questionamentos de uma mente cheia de crítica e repúdio daquilo que esperaram e não tiveram.
Por isso, manter um relacionamento com base nessas faltas está sendo tão difícil e todos não veem a hora de conseguir se separar e viver do jeito que acham que precisa ser. Só que estão tomados pelas ausências pegajosas.
Estas últimas acompanham os filhos como parasitas se alimentando daquilo que eles têm de mais precioso dentro de si mesmo: a vida. Esta tem sido sugada pelas experiências com ervas daninhas plantadas no coração vazio de afeto.
E o coração dos nossos filhos são como terra fértil, sujeitos a todo tipo de sementes que são lançadas. Se não fizermos o nosso papel de bons semeadores, essa terra pode ficar muito desprotegida de sementes ruins.
Portanto, precisamos entender o que tem importância de verdade e precisa ser semeado com cuidado, regado com atenção, para que cresça frondejante e forneça frutos agradáveis de serem colhidos.
Compreender o papel de pai é fundamental para que haja saúde dentro e fora de casa. Somos semeadores e regadores que influenciam em como será o crescimento correto de algo importante para nós. Basta crer (1 Coríntios 3.6).