Aos seus próprios olhos
[1 Samuel 15.17]
Saul foi designado para enfrentar os Amalequitas, que eram inimigos de Deus e haviam sido muito cruéis com seu povo, quando saíram do Egito. A ordem era que tudo e todos fossem exterminados, mas não foi o que aconteceu.
O rei foi mantido vivo por Saul e alguns animais foram levados pelos soldados para fazerem sacrifícios de adoração, o que foi considerado inaceitável por Deus, que prefere um coração obediente do que obstinado em suas próprias ideias.
Logo, Samuel foi alertado pelo que aconteceu e, chegando até onde Saul estava, executou o que deveria ter sido feito pelo rei e seus soldados e avisou que o trono seria dado para alguém de coração voltado para Deus.
E, mesmo havendo arrependimento por parte de Saul, súplica e adoração pelo pedido de perdão, Samuel não quis mais interceder por ele, pois sabia que não seria mais ouvido, já que a decisão de substituição havia sido tomada.
O profeta ainda questionou o rei sobre a sua visão a respeito do seu papel como autoridade para o povo e que, embora ele considerasse aquilo pequeno aos seus próprios olhos, era algo de muito valor para Deus.
Por isso, ele estaria fora dos planos divinos, a partir daquele momento, pois não haveria sacrifício que substituísse a obediência e, não seria mais dado espaço, nem permitir-se-ia abrir precedentes para tamanha afronta.
Assim, Saul perdia o posto de rei de Israel. Contrariando a todos, inclusive a si mesmo, pelo fato de não ter percebido o tamanho da sua responsabilidade e o valor real da sua posição diante dos homens e de Deus.
Ele não teve a visão adequada sobre quem era, seu papel e, consequentemente, optou por caminhos distintos do que era exigido pela sua função, tentando sempre achar uma forma de contornar por atalhos.
Atalhos esses que escureceram as reais opções diante dele, deixando-o cego para o senso de prioridade, responsabilidade e obediência. Essas três coisas ficaram confusas na sua mente obstinada ao erro.
Porquanto, não lembrou que a prioridade do seu papel seria servir ao povo e a Deus, e suas responsabilidades deveriam estar sempre convergentes para este sentido. Se tinha que fazer algo, então que o fizesse.
Dessa forma, ele teria obedecido àquele que lhe havia constituído com poder e influência para o povo, teria sido um exemplo de liderança e servidão, cumprindo um papel de tamanha importância e significado.
Obediente até a morte
Filipenses 2.8
No reino de Deus, a obediência é coisa séria. Foi por causa da sua falta que o mundo caiu em pecado e corrupção no gênesis da nossa história, além de vários outros exemplos que levaram homens por caminhos difíceis.
É algo que faz parte do nosso acervo de escolhas e nos leva a entender quem somos e devemos ser, diante de Deus. Ele tem princípios e leis que são imutáveis, tanto quanto Ele mesmo, que zela para cumprir a sua palavra.
Além disso, nos deu o maior exemplo de obediência conhecido, que foi o seu próprio filho, Jesus, o qual obedeceu ao Pai em um sacrifício grandioso e doloroso, que significa a salvação da humanidade (Filipenses 2.8).
Este é e sempre será o exemplo insuperável dado aos homens, conforme os padrões divinos. Ele deixou toda a sua glória e se esvaziou, tornando-se servo e obediente, para que algo maior acontecesse (Filipenses 2.7).
Afinal, obedecer não significa deixar de sentir, pensar, virar uma máquina ou um pedaço de pedra, mas, é saber que precisa aprender com quem sabe mais e, especialmente, com quem nos criou que tem uma sabedoria infinita.
É saber que alguém é capaz de enxergar além da nossa própria visão e sabe o que é melhor para tudo e todos, mesmo que não tenhamos a consciência necessária para compreender todos os detalhes.
É muitas vezes seguir contra os nossos próprios desejos e vontades para se sacrificar por alguém, dando espaço em nossa vida para sermos seguidores do exemplo máximo de prioridade, responsabilidade e obediência: Jesus.
Ele priorizou o reino de Deus e a vontade do Pai, pois sabia que ao fazê-lo estaria tomando parte em algo de alcance infinito e eterno. E não somente tomou parte, mas foi posto acima de tudo e todos (Filipense 2.10).
Ele se responsabilizou por sua missão e chamado nessa terra, independente do que seria preciso viver, pois sofreu as dores de todos e tomou sobre si aquilo que era preparado para cada um de nós (Isaías 53.5).
Ele obedeceu até o fim, de forma sacrifical e espontânea, criando uma raiz forte para tamanho princípio divino, a obediência, que exige uma capacidade humana impressionante de humilde autoconhecimento.
Este sim foi um rei de verdade, que ainda é e há de vir. Um alguém que exala humildade, mesmo sendo Deus. Que compreendeu perfeitamente quem era e o que precisaria ser feito para cumprimento de algo extraordinário.
Apenas
Aos meus olhos
Aos meus próprios olhos, eu tenho um grande risco de não enxergar as coisas e as pessoas da forma mais adequada. Posso inclusive perder a percepção da realidade a respeito de mim mesmo e dos papéis que me cabem.
Aos meus próprios olhos, tive muitas oportunidades de ser compreensivo e coerente com o próximo, mas acabei julgando de forma impiedosa, pois a minha mente estava muito poluída de frustrações e não conseguia ver o lado bom.
Aos meus próprios olhos, deixei de valorizar o que era vital para mim, deixei de perceber o quanto eu sou importante e tenho influência na vida de algumas pessoas que, mesmo sendo poucas, são muito importantes.
Aos meus próprios olhos, haverá sempre uma tendência natural para ver o que não precisa e não ver o que precisa de atenção. Os valores acabam sendo influenciados por momentos que cegam as reais prioridades.
Aos meus próprios olhos, eu me torno egoísta, pois paro de perceber outros pontos de vista que poderiam ajudar muito. Perco até a percepção da forma divina de enxergar, a qual deveria ser sempre a primeira e única opção.
Aos meus próprios olhos, tudo fica muito limitado. Somente o que eu posso enxergar é pouco para a imensidão da vida, já que existem tantas formas variadas de ver e perceber cada coisa ao nosso redor.
Aos meus próprios olhos, seja olhando para dentro ou para fora, ainda será uma visão pessoal que, destituída de compartilhamento, pode ficar muito solitária e vazia de novas e talvez até boas perspectivas.
Aos meus próprios olhos, posso estar ignorando pessoas importantes para mim, que esperam algo de mim e eu também espero delas. Essa troca precisa acontecer de forma que cada perspectiva seja somada e não imposta.
Aos meus próprios olhos, me tornei cego e cheio de mim mesmo. Deixei de viajar profundamente na forma individual de cada um e, quando percebi, já estava muito conformado com apenas o que eu queria ver.
Aos meus próprios olhos, estive muito sujeito a uma vida de arrependimentos por coisas que não estavam certas, mas fiquei tão ocupado com meu próprio modo de encarar a vida, que esqueci que há um modo mais nobre que o meu.
Aos meus próprios olhos, deixei de priorizar a ótica de Deus. Não vi a mim mesmo da forma como Ele me via, não vi a minha família como Ele queria que visse e até deixei de vê-lo da forma como Ele se mostrava pra mim.