Deus é com ele
[1 Samuel 16.18]
Quando ouvimos as nossas referências, sejam ditas por nós mesmos, pelos nossos familiares, por amigos ou por estranhos, precisamos nos dar conta do que estamos passando como mensagem a nosso respeito.
Mensagem esta que expõe, através da nossa comunicação corporal, mental, emocional e até espiritual, quem somos ou como somos compreendidos por outras pessoas, seja de forma íntegra ou não.
Se pararmos pra pensar em como alguém nos descreveria e quais seriam as suas referências sobre nós, poderíamos nos deparar com muitas surpresas agradáveis e outras nem tanto.
Logo, vejamos que foi falado de Davi neste trecho. Ele era um rapaz bonito, tocava bem, ilustre em valor, guerreiro, sisudo nas palavras e de gentil aspecto e, além de tudo isso, Deus era com ele.
Essa foi a referência dada ao rei por uma pessoa, conforme sabia ou havia ouvido falar. Aquelas eram as características do filho de Jessé, que estava sendo requisitado pelo rei, naquele momento.
O monarca precisava de uma pessoa que aliviasse um pouco o seu sofrimento e parecia que aquele rapaz era a solução, já que esperava-se que, com sua música, ao toque da harpa, o seu tormento cessasse.
Foi o que aconteceu. Davi supriu exatamente as expectativas de todos, para aquela necessidade e foi amado pelo rei, que solicitou a sua presença constante, com uma posição determinantemente próxima.
Ele se tornou parte do corpo real e, sempre que havia sinal de tormento, sua harpa era o remédio para o sofrimento do soberano, fazendo com que o que era dito a seu respeito também fosse visto e compreendido.
Essas passagens confirmavam que as referências de Davi eram íntegras e condiziam de forma convergente, desde o que era falado até o que de fato ele era e fazia, talvez como filho, pastor, então escudeiro e futuro rei de Israel.
Seus papeis no passado, no presente e no futuro estavam contando uma história que tinha um enredo conectado e cheio de propósito, fazendo com que a sustentação da sua pessoa estivesse no fato de que Deus era com ele.
E que, independentemente de como era percebido por fora, por quem quer que fosse, ele simplesmente era um homem visto de uma forma especial por quem consegue ver o íntimo, conforme o coração do Deus (Atos 13.22).
Como
Comunicamos
As pessoas vão conseguir enxergar um resumo do que expressamos, geralmente com uma mistura do que tentamos lhes passar de fato, com aquilo que elas entendem, querem ou conseguem ver.
É como uma percepção particular, que pode estar totalmente ligada à história pessoal de quem recebe a mensagem, como também pode ser resultado de uma conexão ou desconexão entre duas pessoas.
Todo o conceito de verdade individual confere um pouco a nossa maneira de nos comunicar e relacionar com os outros, transferindo pensamentos, emoções, comportamentos e principalmente crenças.
E isso é formidável, de acordo com a dimensão que permitimos que essas percepções individuais alcancem em nossas vidas, principalmente se evitarmos a preocupação excessiva com o que as outras pessoas pensam.
O importante aqui não é o que cada um conclui a nosso respeito, mas de verificar a nossa eficiência de comunicação pessoal, pois, esta sim é uma característica nossa que precisa de atenção, cuidado e melhorias.
Atenção para nos deixar seguros de que estamos realmente expressando adequadamente a nossa imagem, de acordo com as nossas próprias noções que temos sobre nós mesmos e com respeito ao que é privado.
Cuidado para nos permitir dar o valor devido à nossa maneira de perceber o valor da comunicação, já que de nada adianta reclamar por não ser entendido se também não nos esforçamos para o sermos.
E, por fim, melhorias daquilo que já identificamos como pontos de ajuste na nossa forma de verbalizar ou mesmo de nos movimentar em comportamentos discrepantes da nossa verdadeira essência.
Portanto, a nossa comunicação pessoal gera expectativas em outras pessoas, pois elas conseguem perceber uma parte importante do que tentamos passar, mas talvez não exatamente como queremos.
Sendo assim, não é uma questão do que estamos expressando, mas do como estamos entregando uma das mensagens mais importantes para os nossos relacionamentos, que é a do nosso próprio ser.
Se Davi estivesse preocupado em mostrar aquilo que não era, para impressionar o rei, talvez tivesse sido uma frustração enorme. Porém, ele foi o que tinha de melhor para ser: uma carta viva disponível para leitura.
Carta de Cristo
2 Coríntios 3.3
Uma carta viva é como uma exibição clara daquilo que está em nosso interior, de forma que revele o que precisa, com importância e coerência. É uma maneira de iluminar o que deve ser mostrado com um propósito.
Ser uma carta viva significa que podemos ser lidos por fora, em todos os aspectos e que estamos expondo o que de fato é fundamental para quem consegue ver o que está escrito, independentemente do tamanho da letra.
Ser uma carta de Cristo é ter autonomia para fazer suas próprias escolhas e, dentre estas, dar total liberdade ao autor da nossa fé, sabendo que a obra que será escrita irá possuir a excelente substância do Criador.
Com a sua caligrafia não há o que não fique perfeitamente ajustado, não há nada ilegível, não há erro de entendimento, nem problemas de ortografia. Tudo fica nitidamente compreensível e pronto para ser entendido.
Seu ponto final não significa um fim, mas um recomeço. A sua vírgula sempre está bem colocada, mostrando os momentos de pausa e espera pelo seu tempo perfeito. Não há interrogações, mas apenas as mais certas exclamações.
O papel usado é delicadamente preparado e limpo, ficando branco como a mais alva neve. Tudo que um dia estava escrito em cinzas vai sendo substituído pela real beleza e esplendor de uma nova história.
Uma história pronta para ser lida e proclamada da maneira mais coerente possível, com vida em todas as suas linhas e dizeres. Capaz de impactar outras vidas e disposta a influenciar outras cartas a serem escritas.
Tudo que é dito faz total sentido para os que estão dispostos a entender melhor e incomoda aqueles que não compreendem, deixando a curiosidade de saber o que se passa naquele precioso relato.
O que se fala a respeito é no mínimo intrigante e cheio de fatos interessantes. Capaz de deixar marcas nos leitores, sem que uma palavra sequer seja desconsiderada ou futuramente esquecida.
Esta é uma carta digna de ser apreciada, compartilhada e absorvida. Formatada para expressar algo maior que ela mesma, mais profunda do que a sua própria existência e mais clara do que a própria sabedoria.
Esta carta possui a mais poderosa assinatura existente, trazendo a marca indelével de sua criação, cuidado e reconstrução. De forma que o que foi escrito por Ele nunca, em momento algum, será apagado.